Budapeste na Hungria e Bratislava na Eslováquia

Este material foi produzido em 2002. Naquela época eu tinha 22 anos e usava uma câmera (de filme) de quinta categoria. Daí o estilo diferente de escrita e as fotos limitadas. 

LESTE EUROPEU: DESCOBRINDO UMA OUTRA EUROPA - PARTE 5

Esta á a continuação da parte 4 - Romênia: Drácula, Comunismo e Outros Pesadelos

Seguindo nosso itinerário, ainda em direção ao norte, chegamos ao fim da Romênia para entrar na Hungria. Desde que saímos da comunidade européia, a visão que se tem pela janela do ônibus é um tanto diferente, pra não falar imprevisível. Começando pela qualidade da estrada, que varia muito de uma hora para outra. Se por um momento atravessávamos o país num asfalto impecável, dali a pouco estávamos metidos numa ruela toda esburacada, passando a dois metros das casas. Francamente, havia horas em que era duro de acreditar que o atual percurso fosse realmente uma rodovia, por isso tenho quase certeza que o motorista inventava uns atalhos de vez em quando. Se realmente ganhávamos algum tempo com essa jogada não sei, mas a verdade é que pelo menos umas quatro pessoas ganharam galos na cabeça, causados pela bagagem que despencava do compartimento superior a todo momento. Porém, quando se sai da Romênia e entra-se na Hungria, já é possível notar uma melhora significativa nos arredores: as estradas ficam um pouco melhores, já não se vê mais depósitos de sucata e os agricultores geralmente usam tratores ao invés de cavalos e bois. Na Hungria rumamos direto para a capital Budapeste, onde acamparíamos por duas noites. Antes de chegar ao camping o ônibus girou pelo centro da cidade, para que pudéssemos dar uma primeira olhada, trocar dinheiro e outras coisas do gênero.

Budapeste e o Rio Danúbio
A cidade é dividida pelo Rio Danúbio em dois distritos: Buda e Peste. De um lado está a parte mais antiga, cheia de memoriais e consequentemente cheia de turistas. Do outro lado do Danúbio fica Peste, que apesar do nome ingrato é um lugar bem agradável.

As atividades do dia seguinte ficaram a critério de cada um e para aqueles que não ficaram dormindo até meio-dia, era hora de pegar um trem até o centro da cidade. O dia estava perfeito, o sol brilhando no céu azul e temperatura pra lá dos 25 graus. Primeiro dei uma passada naquela área mais famosa, mas não consegui ver muita coisa, estava tudo escondido atrás dos turistas. Já fazia algum tempo que eu não via aqueles grupos clássicos de vovôs e vovós de chapeuzinho e óculos ray-ban, todos seguindo outro vovô, este com um guarda-chuva verde-limão para sinalizar ao grupo que vai se arrastando lá atrás. Por ser uma cidade tão vistosa, Budapeste atrai os mesmos turistas que frequentam outros “points” como Paris e Veneza, por exemplo.

Depois de ter zanzado sem assunto por umas duas horas, acabei esbarrando com meia dúzia dos colegas de viagem e me juntei a eles. Caminhamos até o outro lado do Rio Danúbio e demos uma rodada por lá também. O sol estava se pondo, mas a temperatura se mantinha bem acima dos 20. Para fechar o dia, jantamos na cidade, ao invés do camping, usando o dinheiro que tínhamos recebido para este fim. Num bar, após a janta, alguns garçons caíram na gargalhada só porque não conseguíamos pronunciar corretamente o nome da cerveja local, que soava igual a uma vitrola tocando um disco de trás pra frente.

Dia três de maio tivemos uma viagem relativamente curta de Budapeste na Hungria até Bratislava na Eslováquia. A Eslováquia é um desses países que passaram por recentes mudanças. Até 1993 era unida com a República Tcheca, formando a Tchecoslováquia. Infelizmente, com a separação, foi criada uma fronteira a mais, que agora obriga o ônibus a ficar de castigo esperando até que os moços lá dentro terminem com a papelada. Analisado essa questão de divisão política, quem sempre sai perdendo somos nós, pobres passageiros de um ônibus com ar condicionado defeituoso, que fica parado em média duas horas em cada uma das fronteiras. Ninguém é autorizado a descer do ônibus e quase sempre o meu passaporte era aquele que encalhava com a polícia.

Chegamos ao camping de Bratislava por volta das 14 horas e tivemos que disputar o espaço com uma platéia de roqueiros e suas motos Halley Davisson, que tinham vindo assistir a um show bem ali ao lado do camping. O plano era seguir viagem já no dia seguinte de manhã, mas ainda assim tivemos tempo de sobra na cidade. Fiquei com a nítida impressão de estar num daqueles lugares com universidades famosas, conseqüentemente cheios de estudantes, a julgar pela quantidade de jovens nas ruas. Também ficou aquela imagem de lugar pacato, principalmente na parte mais antiga da cidade, onde a maioria dos visitantes acaba optando por uma tarde inteira na mesa do barzinho, se esbaldando com a cerveja barata, ou sentado no banco da praça com os amigos, só conversando e vendo o tempo passar.


Próxima parte: 

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