Roteiros pelo Norte da Alemanha
QUINZENA LUSO-GERMÂNICA – Parte 2
Lá estávamos nós em Hanover,
numa semana bem tranquila, ocupada por passeios na cidade e umas compras
eventuais - nada muito supérfluo, diga-se de passagem. Nesse sentido, por
sinal, lembro de ter saído do Brasil com um único par de tênis em frangalhos, que
acabou sendo deixado em uma lata de lixo já na porta da loja onde comprei seu
substituto. Com os pés mais felizes e uma boa dose de tempo livre, Alexia e eu aproveitamos
então para explorar um pouco além dos limites de Hanover, basicamente passeios
de um dia por alguns lugares bem interessantes na metade norte do país.
Circular pela Alemanha é
bastante fácil e agradável, seja de carro, pelas excelentes Autobahn - as estradas tapete sem limite
regulamentado de velocidade ou então de trem, valendo-se do eficiente sistema
ferroviário alemão. Então, para tirar o melhor proveito disso tudo, a pedida
era sair para conhecer lugares como Celle,
Lübeck e Goslar, cidades de
história milenar e que não tiveram sua identidade original apagada pelos
bombardeios da Segunda Guerra Mundial.
Foto 026 – Em uma manhã
cinzenta chegamos de carro a Celle, uma cidade de porte médio, com pouco mais
de 70.000 habitantes.
Foto 027 – Como não
tínhamos um plano de visita bem definido para a cidade, ficamos limitados ao
centro histórico, curtindo o visual e o clima pacato do lugar.
Foto 028 – Clima pacato
e chuvoso por sinal, mas apesar disso, a cidade mantinha uma atmosfera
alegre. E apesar dos casacos do povo na
imagem, estávamos em julho, no auge do verão europeu.
Foto 029 – O centro de Celle
é repleto de casas antigas, erguidas com uso de um método construtivo bastante tradicional
do fim da idade média e que por séculos foi utilizado em várias partes do
mundo. Consistia na criação de uma estrutura de sustentação a partir de vigas de
madeira cortadas na base do machado e de muito suor, e que eram então
cuidadosamente encaixadas entre si formando um sólido esqueleto sobre o qual montavam
toda a casa. Com essa técnica evitava-se a necessidade de pilares internos,
otimizando assim o espaço interno nas moradias.
Foto 030 – Com centenas de
casas desse tipo, as ruas do centro de Celle são um ótimo lugar na Alemanha para
admirar a arquitetura tradicional de época.
Foto 031 – Outra ótima
opção: entrar para conhecer o que há dentro de algumas dessas casas.
Foto 032 – Mas voltando
ao tema “edificações”, estamos agora no interior da mais importante delas na
cidade – o castelo dos duques, construído em 1530 onde antes já existia uma
fortificação do século XIII. Aqui temos uma vista da belíssima capela do
castelo, com seu estilo renascentista muito bem preservado e praticamente inalterado.
Foto 033 – Outro
destaque em Celle é a Stadtkirche, a
principal igreja da cidade com seus setecentos e tantos anos de idade. Dá para
“respirar idade média” lá dentro.
Foto 034 – Que fique bem
claro: viajar de trem pela Alemanha está longe de ser uma pechincha, mas com
planejamento dá para encontrar umas coisas interessantes. Compramos, por
exemplo, um bilhete que valia 40 euros e permitia que até 5 pessoas viajassem à
vontade durante todo o final de semana. Assim fomos até Lübeck, já na costa do
Mar Báltico, no extremo norte do país.
Foto 035 – Apesar de ter
sido bombardeada durante a II Guerra Mundial, Lübeck é mais uma daquelas joias
da Alemanha que preservam um extenso complexo medieval.
Foto 036 – A começar
pelo Portão de Holsten (Holstentor), uma
das maiores relíquias e símbolo da cidade medieval fortificada de Lübeck.
A propósito, olha aí o Holstentor, estampado na antiga nota de 50
marcos da Alemanha!
Foto 037 – Mas não dá
para falar de Lübeck por muito tempo sem mencionar as suas igrejas de torres
pontiagudas, característica do estilo gótico alemão. Além da beleza e
imponência arquitetônica, elas ainda abrigam algumas das mais belas peças de
arte do norte.
Foto 038 – Dentre as
sete igrejas da área central esta é a principal. Bem no coração do centro
antigo de Lübeck, a Marienkirche, aqui
representada por uma maquete exibida em seu próprio interior, é nada menos do
que a mais alta igreja de tijolos do mundo.
Foto 039 – Construída
entre 1250 e 1350, a Marienkirche
sempre foi um símbolo de poder e prosperidade, convenhamos, uma associação
bastante justa. Ficamos muito tempo explorando seu interior, imenso e repleto
de artefatos medievais.
Foto 040 – Por todos os
cantos vemos relíquias, como este altar criado em 1518 e que conta a vida da Virgem
Maria em 26 cenas.
Foto 041 – Detalhe da
porta de aspecto “antiquiquiquíssimo”. Entrada para a cripta, quem sabe? Adoraria
ouvir o rangido daquelas dobradiças!
Foto 042 – Uma imagem
forte em uma das capelas da Marienkirche:
na noite de 28 de março de 1942, em plena II Guerra, um intenso bombardeio
sobre Lübeck deixou a igreja em ruínas, juntamente com parte considerável do
centro da cidade. Naquela noite, estes dois sinos de 2 toneladas despencaram dezenas
de metros até se chocarem contra o piso, onde repousam desde então. A igreja
levou 12 anos para ser reconstruída, mas os sinos foram deixados lá, como cicatrizes
de uma guerra que há 60 anos devastou o país.
Foto 043 – Lübeck fica
bem no local da antiga fronteira que entre 1945 e 1990 separou a Alemanha em
duas. Por lá encontramos o tradicional semáforo de pedestres da antiga Alemanha
Oriental, que depois da queda do muro de Berlim acabou virando símbolo cult, hoje muito usado em camisetas e
outros souvenires.
Ampelmännchen – O pequeno homem do
semáforo da Alemanha Comunista.
Foto 044 – Outro lugar
que visitamos na região norte da Alemanha foi Goslar, uma antiga cidade
imperial com mais de 1.000 anos de história, a cerca de 1 hora de carro de
Hanover. Até 1253 a cidade serviu de residência aos reis e imperadores alemães.
Foto 045 – Goslar sobreviveu
à II Guerra sem danos, o que faz dela outro ótimo lugar para os que curtem respirar
uns ares de Idade Média.
Foto 046 – Aos que não se intimidarem com os 250 degraus (ah, nem é tanto assim!) da
torre da Marktkirche – a igreja do
Mercado, estão reservadas belas vistas da pitoresca área central de Goslar, de
onde os traços medievais no desenho das ruas se torna ainda mais evidente.
Foto 047 – Bem ali ao
lado fica a Praça do Mercado (Marktplatz)
e seu famoso relógio animado. Quatro vezes ao dia, sempre
durante as badaladas das 09:00, 12:00, 15:00 e 18:00, diversos personagem saem
desfilando por aquelas três portinholas em uma representação da história do
desenvolvimento da cidade.
Foto 048 – E a tarde já
ia adiantada quando deixamos Goslar e tomamos o caminho de volta para Hanover. Era
julho, escurecia bem tarde e além do mais estávamos de carro, com toda a
liberdade para explorar caminhos menos óbvios. Deixamos então que o GPS nos
guiasse pelas rotas mais cênicas que ele conhecesse, como podem perceber, coisa
na qual o aparelhinho se mostrou bastante eficiente!
Dois dias depois disso encerramos
a etapa germânica dessa viagem e embarcamos para Portugal, onde permaneceríamos
por uma semana, antes do retorno ao Brasil. Na parte seguinte iniciaremos, portanto,
o relato desse conveniente e proveitoso stop
over nas terras de Cabral. Até lá!
Belíssimas fotos captadas com técnica e muita sensibilidade. Motivam a gente a querer percorrer esta região da Alemanha tão cheia de História e de natureza preservada. parabéns!!!
ResponderExcluirObrigado Zilá!
ExcluirÉ um prazer acompanhar as suas viagens, as fotos são encantadoras. Parabéns
ResponderExcluirQue legal Adelaide, volte sempre!
ExcluirBoa noite, Robson
ResponderExcluirEu admiro as suas fotos, sao tao perfeitas perfeitas que se parecem com cartas postais. O seu circuito é muito interessante.
Eu quero dizer que voce faz as pessoas sonharem e deslocarem-se aos locais que visita. Essas igrejas sao tao alegres e quase irreais tao bem foram fotografadas.
Parabéns pelo excelente trabalho e quem sabe, nao eu mas alguém poderia fazer esse circuito.
Até breve
Gilda
Obrigado Gilda. O Objetivo é esse mesmo, despertar nas pessoas a curiosidade e o desejo de conhecer outros lugares, outras culturas!
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