Algodoal, a Natureza Bucólica do Litoral do Pará

VIAGEM À AMAZÔNIA – Parte 2


O Estado do Pará, apesar de ser a principal porta de entrada para os viajantes que ingressam no norte do Brasil ávidos por um contato com a floresta Amazônica, tem muito mais a oferecer aos seus visitantes além da selva que a maioria espera encontrar. Consciente disso, depois de conhecer a capital Belém, reservei alguns dias para ir a Algodoal, uma bucólica ilha do litoral paraense nas proximidades da foz do Rio Amazonas, recanto de cenários que incluem praias desertas, dunas de areias brancas e lagos de água doce, tudo em meio a mais absoluta tranquilidade, ou dependendo das circunstâncias, ao total isolamento.



Foto 025 – Reza a lenda que a ilha, originalmente chamada de Maiandeua (origem Tupi), passou a ser conhecida como Algodoal a partir da década de 1920, quando os primeiros pescadores a frequentarem o lugar encontraram uma grande quantidade daquelas sementes emplumadas, que costumam flutuar ao sabor do vento.


A partir de Belém, tomei então um ônibus até a cidade de Marudá, de onde saem barcos regulares para a ilha de Algodoal. Bem alimentado por uma tapioca comprada momentos antes em uma barraquinha em frente à rodoviária, enfrentei sem dificuldades a viagem “pinga-pinga” de um ônibus que lotou e esvaziou diversas vezes durante seu trajeto de 4 horas. Foi uma viagem interessante, assistindo ao cotidiano paraense e sendo apresentado aos mais variados espécimes da culinária local a cada parada do veículo, quando dúzias de vendedores invariavelmente subiam a bordo.


Foto 026 – O mini porto de Marudá, na prática não mais do que um trapiche de onde saem os barcos para Algodoal. Às 13:30 partimos e 40 minutos depois, cheirando a fumaça diesel e ligeiramente surdo  por causa do ronco do motor do barco lá estava eu, pisando nas areias de Maiandeua.  


Foto 027 – Nada de motores por aqui! Os meios de transporte terrestre se limitam a bicicletas e carroças puxadas por cavalos.


Foto 028 – Pensando em poupar as pernas para o dia seguinte, paguei uma corrida nesse equino-taxi até a vila principal, onde me instalei em uma pousada acanhadinha, mas muito acolhedora.


Foto 029 – A propósito, em Algodoal há quatro vilarejos, cuja população vive basicamente da pesca e agricultura de subsistência. Se bem que, nos últimos anos, o turismo tem respondido por uma boa parcela dos ganhos daquelas comunidades.


Foto 030 – Na primeira caminhada pela praia, cheguei a tempo de assistir ao pôr do sol, que se apresentou após mais uma daquelas típicas chuvas equatoriais: por instantes o mundo desaba, para minutos depois, o sol voltar a surgir como se nada tivesse acontecido.


Foto 031 – Na manhã seguinte levantei cedo, de modo que às 8:00 eu já estava caminhando pela imensidão que são as praias de Algodoal durante a maré baixa, quando o mar chega a recuar centenas de metros.


Foto 032 – Estávamos fora de qualquer temporada turísticas da ilha, portanto, nenhum sinal de visitantes, apenas um ou outro pescador esporádico, voltando da labuta.


Foto 033 – O da bicicleta tinha dois peixes e esse aí carregava caranguejos. Ao se encontrarem fizeram uma troca, garantindo a ambos um almoço com maior variedade de pratos.


Foto 034 – Perto da vila principal de Algodoal fica a Praia da Princesa, uma das mais badaladas e movimentadas durante a alta temporada na ilha, já tendo sido inclusive classificada por algumas mídias como uma das dez praias mais bonitas do Brasil. Eu, particularmente, me encantei com o espelho gigante formado pela areia encharcada na maré vazante.


Foto 035 – Início da Praia da Princesa. Ao fundo, alguns barracões que funcionam como restaurantes, mas apenas na alta temporada.


Foto 036 – Provavelmente em julho devam estar servindo muito peixe frito, mas em maio estavam como que abandonados. Portanto nada de peixe frito hoje, quando muito, alguns indícios do que outrora possa ter sido degustado por aqui.


Foto 037– Um enorme bando de pássaros pousado na areia, uma das poucas companhias durante aquele dia de caminhada pelas praias desertas de Algodoal.


Foto 038 – Ao perceberem minha aproximação batem em retirada, para logo em seguida voltarem a aglomerar-se em um ponto mais distante.


Foto 039 – Por instantes fico parado, apenas observando os desenhos formados pela revoada dos milhares de pássaros, tendo como pano de fundo a imensidão da Praia da Princesa.


Foto 040 – Outra bela visão: ao longe, a nuvem descarrega uma chuva torrencial sobre o mar. 


Sigo caminhando pela praia até me deparar com um canal d’água, que conectava o mar a um mangue ali ao lado, no exato momento em que a maré enchente passava a inundá-lo a uma velocidade impressionante, quase como se tivesse havido o rompimento de algum dique. Comecei logo a transpor o canal junto a sua foz, pois até então parecia ser a parte mais rasa, apesar das centenas de metros de largura. Após percorrer o primeiro trecho, olhei adiante e vi, pela cor da água, que a profundidade aumentava repentinamente, o que me fez decidir voltar antes que eu acabasse engolido pela maré que enchia incrivelmente rápido. Voltei correndo em direção à entrada do mangue, até um ponto onde o rio era mais estreito, na esperança de chegar a tempo de ainda conseguir atravessá-lo sem molhar a câmera, mas já parecia ser tarde demais. Cheguei a fazer duas tentativas de travessia, segurando a bolsa da câmera sobre a cabeça e com água pela cintura, mas em ambas quase fui arrastado pela correnteza da maré. Finalmente me dei por vencido e, não desejando voltar todo o caminho já percorrido, passei a avaliar minhas alternativas.


Foto 041 – Foi quando olhei ao redor e avistei, junto à margem, uma canoa e um rancho de pescadores. A princípio não vi ninguém, mas logo em seguida surge um rapaz, provavelmente querendo descobrir que raios eu estaria tentando fazer. Expliquei a ele que pretendia atravessar o canal e perguntei se ele não poderia me dar uma carona em sua canoa até o outro lado.


Foto 042 – “Até pode ser”, me disse ele, “mas só quando a maré encher mais e livrar o barco que está encalhado na areia. Aí eu e meu colega vamos sair para pescar e podemos te atravessar para o outro lado”.


Foto 043 – Quando a água finalmente libertou o barco e os dois terminaram de almoçar, lá fomos nós então, cruzar o canal, que a essa altura já tinha se transformado em um rio bem caudaloso.  


Foto 044 – Já do outro lado, agradeci imensamente e segui meu caminho. O sol castigava bastante, então me protegi feito um beduíno do Saara e continuei minha caminhada pela praia deserta.


Foto 045 – Os únicos indícios de civilização que encontrei nos cinco quilômetros seguintes foram alguns restos de abrigos de pescadores.


Foto 046 – Este aí, ao que tudo indica, ainda estava em uso. Pela altura que são construídos podemos ter uma boa ideia da imensa amplitude das marés da região amazônica, fenômeno que eu tinha acabado de presenciar da pior forma possível, diga-se de passagem.


Foto 047 – Manchas de petróleo na praia, provavelmente resquícios do vazamento de alguma plataforma ou navio em alto mar.


Depois de caminhar mais de uma hora pela praia completamente deserta, acabei dando de cara com outro rio, dessa vez nem sinal de canoa, pescador, ou seja lá o que pudesse me auxiliar na travessia. Dessa forma, não tive alternativas a não ser me embrenhar no mangue costeiro, em busca de algum ponto onde as águas fossem mais rasas, a ponto de permitir uma travessia segura com a câmera fotográfica em punho. Acabei encontrando um braço menor do canal, que apesar de me tapar até o pescoço, não tinha qualquer correnteza, tornando possível atravessá-lo. Só que mais adiante acabei me deparando com outro rio muito maior, o que me obrigou a ficar vagando pelo meio do mato em busca de alguma saída, até dar de cara com o mar aberto e descobrir que tinha definitivamente chegado ao fim da linha. Mas a sorte estava do meu lado, pois quando olhei ao redor logo enxerguei um barco com dois pescadores a uns 500 metros dali. Sem alternativas, me restou ficar acenando para eles feito um náufrago perdido, até me avistarem e solidariamente virem me resgatar. 


Foto 048 – E assim cheguei, já no meio da tarde, à vila de Fortalezinha, bem na hora em que as nuvens se preparavam para despejar mais um dos seus aguaceiros sobre a terra. Tomei uma água de coco e almocei um PF de peixe, preparado por um hippie no barzinho da praia, aproveitando também para descansar um pouco, antes de seguir os últimos 6 km de trilhas por dentro da ilha. Desta vez, felizmente, não havia qualquer previsão de novas travessias!


Uma hora depois começo a ver crianças barrigudas correndo peladas entre casas de pau-a-pique, sinal de que havia chegado ao fim da trilha. Um simpático caboclo sentado em uma varanda me vê passando e puxa conversa, chegando a me oferecer um cafezinho. Conversa vai, conversa vem, questiono sobre como chegar ao ponto onde eu estava hospedado e ele me sugere tentar uma carona no barco escolar, que dali a pouco estaria saindo para levar meia dúzia de crianças até o colégio, na vila principal de Algodoal. E assim, depois de três caronas de barco e uns 16 km de caminhada, dei por encerrado o meu dia.

Na manhã seguinte, antes de me preparar para o retorno a Belém, quis fazer uma nova tentativa de visita à Lagoa da Princesa, uma das principais atrações da ilha, que eu havia tentado encontrar, sem sucesso na véspera. 


Foto 049 – Aproveitando a dica do único transeunte que encontrei no caminho, tomei uma trilha a partir da Praia da Princesa, que transitava em meio a dunas tomadas por vegetação típica da ilha. E por estarmos no chamado “inverno amazônico”, época em que chove mais na região, os caminhos de areia estavam repletos de água acumulada.


Foto 050 – Antes de chegar à lagoa principal, ainda encontrei outras menores pelo caminho, resultantes do acúmulo de chuvas sazonais, mas algumas tão grandes que chegaram a me deixar em dúvida se já não se tratava de fato da tal Lagoa da Princesa


Foto 051 – Na dúvida, o jeito foi dar um mergulho em cada uma delas, só para garantir...


Foto 052 – Mas acabei encontrando a dita cuja. De fato, o diferencial da Lagoa da Princesa em relação às demais é basicamente seu tamanho e profundidade, bem maiores que as encontradas mais perto da praia.  


Tendo me dado por satisfeito após um bom banho nas águas mornas e escuras da Lagoa da Princesa, iniciei o retorno à vila de Algodoal, com planos de pegar o barco das 13:30 até Marudá, para então tomar o ônibus de volta a Belém. Já na praia, vejo um senhor caminhando com passos firmes e uma rede de pesca sobre os ombros. Ao me aproximar ele me cumprimenta e seguimos lado a lado até passarmos em frente à sua casa, onde mais uma vez acabo sendo convidado para um café. Depois de responder algumas de minhas perguntas relacionadas ao seu dia-a-dia, ele me faz um convite inusitado: “Se está querendo ver como eu me viro por aqui, porque não fica até amanhã e descobre por conta própria? Hoje à noite vou lá botar esta rede na água, você pode ir comigo” Me pus então a rever mentalmente meu cronograma de viagem, refiz alguns planos e cheguei à conclusão que daria para ficar mais uma noite na ilha.  Decisão tomada e planos refeitos, peguei com ele uma rede emprestada e armei no alpendre do seu abrigo. Estava concluído o check-in da hospedagem!


Foto 053 – Este é o Ceucírio, o simpático pescador que encontrei em Algodoal e com o qual convivi por um dia inteiro, compartilhando teto, refeições e experiências. Durante o dia ficamos conversando enquanto ele ajeitava seus apetrechos e mais tarde fui ajudá-lo em uma pescaria noturna, já que seu trabalho de colocação de redes precisa ser feito sempre na maré baixa, independente do horário do dia ou da noite.


Foto 054 – Ceucírio preparando o nosso almoço: peixe assado, arroz, farinha e uma pimenta baiana que ele “importou” da sua terra natal.


Foto 055 – Depois de dormir pela primeira vez em uma rede, levantei bem cedo e fui caminhando até a praia para ver o sol nascer. Naquela manhã eu ainda acompanharia o Ceucírio mais uma vez no seu trabalho com as redes, para logo em seguida me despedir dele e da Ilha de Algodoal.


Esta figura apresenta um resumo dos lugares por onde passei, sendo que as linhas vermelhas demarcam o trajeto percorrido a pé e as azuis, os trechos percorridos de barco. Ao todo foram cerca de 20 km de caminhadas pela ilha, além de três caronas de barco (3, 4 e 6), fora a linha regular de ligação de Algodoal com Marudá (1). O mapa mostra também os locais de hospedagem na vila principal (2); o primeiro perrengue na tentativa de travessia do canal no fim da Praia da Princesa (3); o segundo perrengue, vagando pelo mangue na tentativa de encontrar um caminho para travessia do canal em frente ao vilarejo de Fortalezinha (4); o cafezinho e a prosa com o caboclo depois da trilha pelo interior da ilha (5); a carona no barco escolar (6); a trilha até o Lago da Princesa (7) e a estadia no rancho do Ceucírio (8).

Fui embora feliz da vida, pois apesar dos braços queimado pelo sol e as pernas lanhadas pelas raízes do mangue, a sensação mais forte era a de satisfação por todas as coisas que tive oportunidade de ver e vivenciar durante aqueles três dias na Ilha de Algodoal.


Comentários

  1. Belas imagens para retratar ainda mais belas experiências...

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  2. O norte do Brasil também deve ser lindo!

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    1. Sem dúvida nenhuma, como eu já suspeitava antes mesmo de embarcar.

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  3. Rob,

    Cara, só vc mesmo para motivar a gene com essas suas aventuras.

    Muito bom, fotos padrão National Geograph !

    abs,

    Nilson Soares

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    1. Que bela comparação hein Nilson! Muito obrigado!

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  4. Que descrição mais linda da nossa querida ilha *-* Só faltou falar do reggae como símbolo cultural daquele lugar,é conhecida como a ilha do reggae no Pará,mas eu suma, está ótimo,parabéns ! Algodoal é o paraíso pensado por Jah na terra <3

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    1. Jheuren, por ter ido fora de temporada não cheguei a testemunhar nenhuma apresentação de Reggae, mas realmente, vi alguns lugares na beira da praia que certamente aparentavam bastante movimento em outras épocas!

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  5. Robson,
    Através do site da RBBV cheguei ao seu blog e a este belíssimo post. Que fotos! Parabéns!
    Ficarei uma semana por lá e espero poder visitar essa maravilha de lugar.
    Um abraço

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    1. Tomara mesmo que consiga visitar Algodoal Deb, vale mesmo à pena!

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  6. A sensação deve ter sido a melhor possível. A aventura que você vivenciou deve ter sido gratificante, apesar do perigo em alguns pontos, como na travessia do mangue. Espero um dia conseguir fazer essa mesma aventura!

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    1. A sensação foi mesmo ótima, principalmente depois, no conforto do lar, relembrando as histórias e os perrengues!

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  7. Erick Straioto28/07/2015, 17:56

    Fantástico seria a melhor palavra para definir essa aventura.... Em Setembro estou de férias marcadas para esse paraíso chamado ALGODOAL.

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  8. Ola, Robson ótimo seu blog, amei seu relato de viagem. Estou indo pra algodoal em novembro, se Deus quiser. Minha preocupação é com os animais, estes cavalos são bem tratados, não são judiados? Como viajo com minha filhinha, acho que vou depender deste transporte, e como moro em uma cidade turística que dispõe deste tipo de transporte,em Poços de Caldas/MG os animais são muito sofridos e judiados, me preocupo com isso. Existe por lá bicicletas para alugar?

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    1. Oi Mizaela. Pelo menos os cavalos que vi pareciam bem tratados, e o trabalho deles é até bem sossegado, devem tirar de letra. Eu não saberia te dizer se existem bicicletas para alugar, não cheguei a ver ninguém ofertando esse serviço, mas a cidade tem muitas partes com areia fofa, precisa ver se esta seria uma boa forma de circular por lá.

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  9. oi Mizaela, infelizmente nao há serviços de aluguel de bicicletas.ou voce encara tudo a pé ou entao vai de charrete.os animais sao bem tratados sim,graças ao trabalho da prefeitura e da comunidade junto aos criadores.dá andar em quase toda a ilha com eles,exceto locais mais distantes como a praia de fortalezinha mas conversando com o "charreteiro" podes chegar a um acordo e ir até lá sem problemas.só leve bastante protetor solar, tenha as vacinas de febre amarela em dia e nao descuide da hidrataçao.de resto,é so embarcar e aproveitar esse paraíso!!

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  10. Minha terra Natal. Apesar de não morar no local, amo imensamente cada pedacinho, em especial a praia da princesa.

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  11. Minha terra Natal. Apesar de não morar no local, amo imensamente cada pedacinho, em especial a praia da princesa.

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  12. Excelente post! Ótimo relato desse lugar maravilhoso! Belíssimas fotos!

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Que bom que o material correspondeu às expectativas Gabriel! Um abraço e obrigado!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Gabriel, o ideal é usar estes próprios espaços de comentários das postagens do blog de acordo com o tema abordado, assim outros leitores podem participar. Mas se for algo mais pessoal pode também usar o campo CONTATO lá no cabeçalho da página.

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  14. Parabéns pelo relato tao cheio de detalhes e imagens tão lindas!

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  15. Visitei algodoal anteontem e voltei ontem, será q vc encontrou mesmo o lago da princesa? Pois sua última foto n condiz muito com o lago que presenciei, inclusive tem uma barraca/bar lá, mas Parabéns pela viagem e pelo blog!

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    1. Aércio, confesso que não fiquei 100% seguro que estava no lugar certo rsrsrs, de qualquer forma foi um passeio muito bonito!

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  16. Viajei junto com vc nessa sua aventura. Estou querendo me mudar da cidade violenta em que moro no DF. Que lugar lindo me fez sonhar morando em um lugar assim

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