VIAGEM DE MOTO AO DESERTO DO ATACAMA NO CHILE - PARTE FINAL
A última etapa da aventura incluiu um passeio pela região das Missões Jesuíticas, lugar que guarda um capítulo inteiro da história de Argentina, Paraguai e sul do Brasil. Antes de eu resolver alçar vôos mais altos e me aventurar com a moto até o Chile, este lugar vinha sendo considerado o destino principal da viagem. Por conta disso, li alguns livros e colhi informações diversas sobre a história das Missões, lugar que marcou o encerramento desta grande empreitada.
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Foto 247 - Ponte Internacional de Roque Gonzalez de Santa Cruz, que liga Posadas na Argentina a Encarnación, no Paraguai. Fica no caminho para Trinidad, local de um dos sítios arqueológicos mais importantes da região das Missões. |
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Foto 248 - O Brasil também possui sítios importantes, reconhecidos em 1983 pela UNESCO, como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. A seguir, as imagens e um pouquinho da história das ruínas visitadas no Brasil, na Argentina e no Paraguai.
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Foto 249 - As Missões Jesuíticas Guaranis foram fundadas por padres pertencentes à ordem denominada Companhia de Jesus, constituída em 1540 pelo Papa Paulo III, com o objetivo de anunciar pelo mundo a fé cristã.
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Foto 250 - Estas Missões foram idealizadas entre os séculos XVII e XVIII, durante os esforços expansionistas dos dois maiores impérios da época, o português e o espanhol, que se preocupavam com a ocupação de seus vastos domínios.
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Foto 251 - Em territórios na época pertencente à Espanha, os Jesuítas organizaram-se juntamente com os índios Guaranis e fundaram uma série de aldeamentos missionários, as chamadas Missões.
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Foto 252 - Os Jesuítas chegaram a estas terras com o intuito de pregar uma doutrina, mas buscando desenvolver seus trabalhos com os índios de uma maneira que os costumes dos nativos pudessem ser preservados.
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Foto 253 - Juntos construíram inúmeras “reduções”, mini-cidades bastante organizadas e praticamente auto-suficientes.
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Foto 254 - Os índios acabaram demonstrando elevada aptidão artística, que era aproveitada na construção de esculturas e outras obras de arte. Provaram também ser hábeis na música, aprendendo facilmente a tocar diversos instrumentos produzidos nas próprias reduções.
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Foto 255 - Sob orientação dos Jesuítas, os índios Guaranis desenvolviam atividades como agricultura, pecuária, marcenaria, pintura e escultura.
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Foto 256 - Os padres exerciam principalmente as funções de professores e agricultores, além da catequese e da evangelização em geral. Contavam com a ajuda dos caciques, que mais tarde assumiam responsabilidades no comando de alguns setores das reduções.
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Foto 257 - Os Jesuítas buscavam o bem dos indígenas e lutavam ao lado deles contra invasões de bandeirantes que tentavam escravizá-los. Por preservarem os Guaranis, acabaram sendo acusados de conspirar contra o rei, por não explorarem os nativos em benefício da monarquia.
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Foto 258 - Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, através do qual, a Espanha cedia a Portugal as sete Reduções do Rio Grande do Sul, os chamados “Sete Povos das Missões”, e ordenava a retirada de todos os Jesuítas e índios destas reduções. Era o início do fim das Missões. |
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Foto 259 - A ordem desencadeou uma revolta nos Guaranis, que se recusaram a abandonar suas terras e todo o patrimônio que tinham construído com tanto sacrifício. Os padres Jesuítas não conseguiram convencê-los a ir embora.
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Foto 260 - Eles consideravam injusta a ordem do rei, a quem tinham sempre servido fielmente. Preferiram desobedecê-la, e com armas nas mãos.
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Foto 261 - Os Jesuítas tentaram de todas as maneiras conter os conflitos, mas acabaram não conseguindo evitar a Guerra Guaranítica, onde milhares de bravos Guaranis foram massacrados pelas tropas portuguesas e espanholas.
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Foto 262 – Entre os corpos sem vida estendidos no campo de batalha, contavam-se vários Jesuítas que haviam tentado proteger seus filhos revoltados. Era o fim de um ideal traçado por homens que buscaram com todas as suas forças o cumprimento das suas atribuições.
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Foto 263 - Antes das ruínas terem sido reconhecidas como patrimônio histórico, foram durante muitos anos consumidas pela ação do tempo e pela depredação do homem.
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Foto 264 - Hoje sobrou muito pouco delas, sendo que boa parte do que existe foi reerguido e restaurado. A cruz missioneira continua fincada nas terras onde uma vez Guaranis e
Jesuítas construíram juntos um povoado próspero.
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Foto 265 - São Miguel das Missões acabou se tornando um centro de visitação histórica, servindo de palco para a narrativa da saga destes povos.
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Foto 266 - Grande parte dos visitantes, apesar de admirar as ruínas, geralmente permanece indiferente ao pisarem nestas terras, por não compreenderem a razão de ser destas Missões, ou até mesmo por ignorarem o sangue aqui derramado.
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Foto 267 - Os descendentes dos Guaranis continuam por lá até hoje. Talvez não conservem mais os meios de vida de seus ancestrais, mas de certa forma, se mantêm enraizados neste solo que um dia lhes pertenceu.
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Foto 268 - E é nos campos dos Sete Povos das Missões que encerro esta minha viagem. Após rodar por três semanas em todo tipo de estrada e atravessar diversas fronteiras, tomo o rumo de casa.
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As roupas empoeiradas trazem consigo as marcas dos muitos quilômetros trilhados por terras desconhecidas. Outras marcas, que por sinal não serão removidas por nenhum sabão em pó multi-ação, ficarão acumuladas, principalmente nas memórias do viajante. Elas têm a capacidade de despertar curiosidades e impulsionar descobertas, nos fazendo perceber a pequenez do nosso mundinho perante a imensidão daquilo que permanece fora do alcance dos nossos sentidos. Que estas marcas possam também contribuir removendo o brilho ofuscante das insignificâncias que nos cercam, lançando um facho de luz para um pouco além dos nossos horizontes corriqueiros. Menos ofuscados, teremos mais chances de rir-nos das coisas ínfimas que ingenuamente considerávamos grandes.
FIM.
que esta tua viagem e teus relatos sirvam de estímulo a todos aqueles que, como tu, sentem necessidade de se aventurar pelo mundo mas que, em grande parte das vezes, não possuem a dose certa de coragem para tal. parabéns pela iniciativa, pelas belíssimas fotos e pelos comentários geniosos.
ResponderExcluirParabéns pelas dez partes deste relato fotográfico. Só de ler os comentários feitos para cada foto pudemos viajar, nos emocionar, viver, e acompanhar seus passos e sensações nessa viagem. Aguardamos agora, com ansiedade, o texto completo, o seu "diário de bordo" da aventura.
ResponderExcluirUm abração,
Seus pais.
Simplesmente fascinante! Adorei ler as tuas histórias, senti como se tivesse viajado contigo. Os lugares lindos, um mais incrível que o outro, duma beleza inacreditável e repletos de curiosidades. Tenho certeza que tu despertou em todos que leram teus textos a imensa vontade de largar tudo e viver intensamente a América do Sul. Não há lugar nesse mundo que compense as experiências proporcionadas por esse continente, toda sua história de colonização e luta por liberdade. Amei!
ResponderExcluirbeijão.
Eu nunca tenho palavras para comentar suas publicações. É sempre um novo e belo mundo que chega, através de cada uma de suas fotos... Sempre tão lindas, cheias de vida, histórias. Obrigada por compartilhar com agente.
ResponderExcluirEspero que muitas próximas cenas de seu cotidiano possam ser retratadas aqui.
Adorei a viagem! =)
não vai cortar este cabelo ? Ou é promessa ?
ResponderExcluirBeleza Robson.
ResponderExcluirParabéns pela coragem e por partilhar com todos essa magnífica aventura. Excelentes fotos e relatos perfeitos.
Abraços.
É, REALMENTE TU NAO VIAJASTE SÓ...
ResponderExcluirBicho, fotos lindas e um jeito muito particular, descontraído sem rasgos romanticos, de descrever a vaigem. Adorei, portanto, ambos, fotos e narrativa. Tu também me convenceu de que eu tenho que tentar começar umas viagens curtas aqui para o Brasil para depois tentar ir para o sul. Queria te fazer duas pertuntas: primeira, essa tua xt 600 rendeu quanto por km na estrada? segundo, tu não tem um vídeo no youtube onde numa xt dá um role pela Serra do Rio de Rastro? abraços, NIlson (nsoares@globo.com)
ResponderExcluirParabens Robson!! Otimas fotos, otimos relatos e ótimo roteiro!!! Muito alem de expor suas fotos e seu percurso, expos seus conhecimentos... conteudo riquissimo!!! esta mesmo de parabens!!!
ResponderExcluirRobson
ResponderExcluirSemana passada decidi fazer uma viagem no final deste ano (nov./09) muito similar a tua, sendo que sairei do Rio de Janeiro. Gostaria de trocar informações contigo, se puder, por favor entre em contato
Olá Profe.PC! Podemos nos falar por email. Aguardo seu contato.
ResponderExcluirAbraço!
Fiquei boquiaberto com teu relato de viagem, as fotos são espetaculares, depois de ter lido vários relatos sobre viagens de moto pelo Mercosul, posso dizer que a tua é com certeza foi a melhor relatada, rica culturalmente e uma visão mais humana sobre tudo. Já faz um tempo que planejo uma viagem solitária como a tua, só falta definir a data, espero poder contar contigo para alguns detalhes, nada melhor do que pedir conselhos de quem tem experiência. Parabéns, um grande abraço !! Anderson.
ResponderExcluirOlá Anderson! Obrigado pelos elogios! Qualquer coisa pode me mandar um email. Abraço!
ResponderExcluirSou Remir Perizzolo de Chapeco SC, eu e meus colegas em numero de 15 motos TDM Vstrom BM mais KTM estamos programados para viajar em outubro de 2009
ResponderExcluirpara o deserto do Atacama. Confesso que fiquei impressionado com as fotos e imagens dos lugares por onde vc passou achei fantastico e irei passar para meus amigos.
Um abraço!
Meu email é: nota10@viaradio.psi.br
existe um marco com os nomes ou a sepultura de tres dos padres mortos no conflito como se vê no filme missão com robert de niro?
ResponderExcluirMaurizio, não assisti o filme a que você se refere. De qualquer forma, não me lembro de ter visto essas sepulturas.
ResponderExcluirOlá apeixoto! Obrigado pelo elogio, fico contente que você tenha essa impressão sobre meus textos e fotos. Olha, para ir até Santiago, você só andará em estrada de terra se quiser. Neste caso com uma moto mais estradeira e garupa, é bom checar o estado dessas rutas. Se não for das piores acho que dá para encarar. Mas o desgaste e a tensão do piloto serão maiores.
ResponderExcluirFotos maravilhosas, com ângulos e detalhes imensuráveis, texto coeso e extremamente limpo, cuja leitura nos remete a sonhos não tão distantes, fazendo-nos refletir sobre "um dia estarei lá". Parabéns cara, em breve terei o prazer de ver o que viste.
ResponderExcluirRobson, tb sou motociclista, tenho 48 anos de idade e nunca, nunca pensei que pudesse um dia vivenciar uma aventura dessa, ainda mais sozinho. Bravo menino, é lindo ver, ler, sentir por dentre os fatos e fotos, o ar frio, o vento na cara, o frio na barriga pelos apuros invejavelmente passados por voce nessa viagem e nessa história que se chama "vida". Parabéns, garoto, souj seu fã.
ResponderExcluirAbraço
Carlos Escher
Valeu Carlos, belas palavras!
ExcluirNossa! Cada lugar mais lindo que o outro! Fiquei babando nas fotos!
ResponderExcluirCara, q relato fantástico, emocionante e muito bem escrito. Até me animei a fazer este percurso. Abração
ResponderExcluirObrigado Fernando. E vá mesmo, é um lugar muito interessante e carregado de história. Abraço!
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