Vivendo o Cotidiano de Londres - parte 6
Os textos
intitulados “Vivendo o Cotidiano de Londres” são o resultado da compilação dos
emails que eu enviava aos colegas e parentes no Brasil, descrevendo minhas
experiências durante os dois anos que morei na Inglaterra, entre 2000 e 2002.
No entanto, ao publicar esses relatos, resolvi mantê-los todos em seu formato
original, contribuindo para que o texto retrate minhas impressões exatamente da
forma como foram vividas.
Agosto
de 2002
Após aquela
grande viagem pelo leste europeu, a volta ao Brasil parecia muito mais próxima.
Obviamente ela estava mesmo, só que depois daquela tour de 25 dias, planejada e
aguardada com tanta ansiedade, não havia restado nenhum outro “grande projeto”
a ser executado em Londres e nos três meses que ainda faltavam para o retorno,
era inevitável sentir um certo ar de “dever cumprido”. É claro que eu ainda
estava estudando e trabalhando, mas com excessão do invejável bronzeado
adquirido em seis dias torrando no sol da Grécia e da Turquia, não houve
grandes mudanças de rotina.
Brasileiros em Londres comemorando o Penta na Copa do Mundo de 2002 |
Naquele mês de
junho, a seleção brasileira de futebol embarcava para a copa do mundo na Coréia
e Japão, na tentativa de um então desacreditado pentacampeonato. Por quase dois
anos eu já vinha vendo camisetas amarelas do Brasil desfilando pelas ruas
londrinas, pois independente de copa do mundo ou do fiasco do Brasil naquelas
eliminatórias em 2000 e 2001, o nosso time tem sido sempre idolatrado por
qualquer estrangeiro, com excessão talvez dos argentinos, mas isso não vem ao
caso agora... E já que o Brasil visto de fora acaba sempre sendo associado à
mulata, samba e futebol mesmo, tinha então chegado a hora de mostrarmos aos
gringos o que tínhamos de melhor.
Acho que o mais
interessante em uma copa do mundo de futebol assistida de Londres é o fato de
se estar numa cidade tão cosmopolitana que permita encontrar diariamente
pessoas nas ruas de cada um dos países participantes da competição. A cada
jogo, a cada conquista, via-se a comemoração e a festa de cada um deles, cada
um à sua maneira. Quanto aos ingleses, nunca ficavam para trás quando o assunto
era comemoração após uma vitória de seu time, principalmente se essa
comemoração envolvesse uma mesa de bar.
Quando o Brasil
chutou a Inglaterra para fora da copa nas quartas-de-final, não pude resistir à
uma caminhada pelo centro e ver de perto alguns hooligans, agora apenas pobres
coitados se lamentando e alguns deles, bêbados, afogando as mágoas no chafariz
de Trafalgar Square.
Domingo, dia 30
de junho, foi o dia em que Londres literalmente parou para dar espaço à festa
verde e amarela, que tomou conta das ruas do centro, onde milhares de
brasileiros e simpatizantes (provavelmente qualquer um que não fosse alemão ou
argentino) seguiam a batucada de uma mini escola de samba. Foi de impressionar
qualquer um. Dia de festa em vários países do mundo e também uma das ocasiões,
infelizmente raras, em que cada brasileiro sentiu orgulho de seu país.
Depois dessa
história toda só ficou faltando arrumar as malas para o retorno ao Brasil.
Ainda sobrou tempo para uma visita de fim de semana à Paris, mais à titulo de
curiosidade, afinal teria sido quase inconcebível não visitar esse lugar tão
famoso ao mesmo tempo tão próximo de
Londres.
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