De Mendoza aos Andes

VIAGEM DE MOTO AO DESERTO DO ATACAMA NO CHILE - PARTE 3


Nesta terceira parte, a viagem atravessa retas a perder de vista pelos pampas argentinos em direção ao extremo oeste do país, já aos pés da Cordilheira dos Andes. São mais de mil quilômetros entre as cidades de Buenos Aires e Mendoza, percorridos em dois dias sob bastante chuva. 
pedagios na argentina

Foto 59 – Pedágio gratuito, uma das alegrias do motociclista. 

Foto 60 – Este velho carro, além de ter sido tombado (pela ação da ferrugem), me fez recordar vários outros que, durante os anos 80, podiam ser vistos aqui pelo sul do Brasil. Pertenciam a diversos corajosos que se aventuravam com relíquias similares em viagens da Argentina ao litoral catarinense. 


Foto 61 – Dois violonistas tentando descolar um troco com a clientela dos bares do calçadão central de Mendoza. A partir daqui chuva deu uma trégua.


Foto 62 – Praça principal da cidade. Esses bancos acabam adquirindo um charme especial quando observados sob o ponto de vista de alguém que já está caminhando há algumas horas. Este aí, por exemplo, me convidou gentilmente a sentar e sacar a garrafa d’água. 


Foto 63 – Pit stop número dois, agora dentro do parque General San Martin.


Foto 64 – Pit stop número três. A essa altura eu provavelmente já estava ficando cansado de caminhar, julgando pela forte atração que comecei a sentir por bancos.


Foto 65 – Viajar sozinho nos torna mais observadores. Observamos tudo o que se passa ao redor, frequentemente sob pontos de vista diferentes dos habituais. Sem interferências ou “ruídos”, a mente fica despoluída e os olhos aguçados. A partir daí, novos ângulos revelam novos olhares. 


Foto 66 – Ok, chega de melação, porque agora o bicho vai pegar. Saindo de Mendoza e rumando para os Andes. A estrada é um prenúncio do que me aguarda. Lá está ela: a Cordilheira!


Foto 67 – Placas de advertência são presença constante nas áreas mais acidentadas. Optei por um antigo e sinuoso caminho de terra, antigamente a única opção de travessia entre Argentina e Chile, que passou a ser bem pouco utilizado desde a construção de uma nova estrada asfaltada.


Foto 68 – Não nos responsabilizamos por acidentes, por danos aos veículos ou pela morte dos teimosos que cismarem em trafegar por esta ruela esburacada pirambeira acima. Apesar do magnífico visual, caso você não saiba, há uma outra estrada, novinha e asfaltada, que vai te levar para o mesmo lugar que esta. Mas se quiser mesmo seguir por aqui, aí o problema é seu. Trate de, pelo menos, tirar umas fotos bem bacanas.


Caracoles de Villavicencio
Foto 69 – A “carteira de identidade” da estradinha: Caracoles de Villavicencio, também conhecida como Caminho das 365 curvas. Dificuldade: ALTA. Velocidade: BAIXA!


Foto 70 – A primeira já foi. Só mais 364 agora.


estrada Caracoles de Villavicencio
Foto 71 – A estrada segue serpenteando pela encosta da montanha, nada de muretas ou guard rails.


Foto 72 – Melhor prestar atenção por onde anda e nas curvas não dar chance para o azar. Mantenha a moto afastada da beirada do barranco. Aproveite a paisagem, mas olho vivo na estrada!


Foto 73 – Quase lá em cima. Isto é um antigo posto de telégrafo, se não me falha a memória


Foto 74 – Difícil explicar a sensação sentida neste local. Imagine um silêncio absoluto, quebrado apenas pelo som suave e constante do vento. Sente-se ali na beirada e deixe-se ficar, os olhos contemplando as montanhas ao longe. Surge lá embaixo um pássaro em seu vôo solitário, subindo tranquilamente ao sabor das correntes ascendentes.


Foto 75 – A vizinhança tranqüila também valoriza o imóvel: estas são vicunhas, parentes dos camelos e parecidas com as lhamas, mas menores e mais ariscas. Tentei muitas vezes durante a viagem me aproximar delas para fotografá-las de perto. Nenhuma me deu um voto de confiança.


Foto 76 – Depois de 30 km de subida, a estradinha desembocou neste local, onde tive a primeira visão do Aconcágua, também conhecido como “O teto da América” com seus 6.962 metros de altitude.


Foto 77 – Eis a visão da qual me refiro. Acima dos 5.000 metros já não há água em estado líquido e a montanha é coberta pela neve eterna.


Foto 78 – Seguindo por um desvio após o mirante do Aconcágua, cheguei ao topo de uma elevação, onde encontrei uma torre de antena ou coisa do gênero.


Foto 79 – Fui até lá e, por pura falta do que fazer, ou talvez por considerar que ainda não estivesse alto o suficiente, escalei a antena. DESCE DAÍ MOLEQUE!!


Foto 80 – É uma pena que eu tenha que reduzir a resolução das fotos para postá-las aqui. As originais mostram uma riqueza imensa de detalhes e cores destes lugares cinematográficos. Estou separando algumas para irem à parede. 


Foto 81 – O branco do gelo com o verde da vegetação e o azul do céu produz, na minha opinião, uma combinação de cores bastante fotogênica. Outro excelente lugar para brincar de fotógrafo foi o deserto, mas isso veremos nas próximas publicações.


moto yamaha xt 600 na cordilheira dos andes
Foto 82 – Estas estradinhas, o que têm de bonitas têm de traiçoeiras. Muitas são formadas por esse pedrisco solto, conhecido como por lá como rípio, que torna a pilotagem bastante trabalhosa. Distração aqui é chão na certa.

Foto 83 – Carreguei na viagem um tripé para a máquina fotográfica, o que foi uma excelente idéia. Isto porque em muitos trechos não há alma viva para bater uma foto sua. Outra razão é que, quando elas existem, é pouco provável que consigam tirar uma foto decentemente enquadrada. 

uspallata
Foto 84 – Os vales de Uspallata. Dali a uma dezena de quilômetros, a estrada desembocaria no vilarejo de mesmo nome, onde o caminho encontra a ruta 7, estrada que substituiu esta antiga por onde vim. 


uspallata, set de filmagem de sete anos no tibet
Foto 85 – Em 1997, os Andes se passaram por Himalaia durante as gravações do filme “Sete anos no Tibet”, que foi filmado aqui.
Na próxima parte, chegarei à fronteira entre Argentina e Chile, não sem antes visitar o Parque Provincial do Aconcágua, local de partida de muitos aventureiros que sonham em atingir o teto da América. Lá, a natureza mostra toda sua imponência diante da fragilidade humana e nos lembra que esta força é algo que o homem não deve subestimar. 

Comentários

  1. Salve Robson! Eu havia escrito uma mensagem que, modéstia à parte, tinha ficado bem simpática. Mas, claro, me atrapalhei com esse negócio e perdi o meu texto. Então, de raiva, não vou tentar reescrever nesse momento. Mas vou, ao menos, dizer que as fotos da viagem e as respectivas legendas, bem criativas e humoradas, estão "show de bola"
    Um grande abraço,
    Francisco.

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  2. Robson Dombrosky19/03/2008, 00:42

    Eita tio, que vacilo hein! Também sou gato escaldado nesse quesito, portanto, sempre que escrevo qualquer coisa que requeira alguma transpiração, faço uso do Word e vou salvando regularmente. Depois mando um CTRL+C e está tudo resolvido, sem nenhum choro ou ranger de dentes. Abraço!

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  3. Realmente uma viagem digna de comentários. Ou a palavra certa seria aplausos? Acompanho há pouco tempo teus posts, porém não pude deixar de te parabenizar pela belíssima conquista deste sonho. Fotos perfeitas aliadas aos comentários de quem realmente teve uma estrada á sua frente, ou de quem apenas teve o privilégio de “velejar no asfalto”. Lagos espelhados, céu estrelado, frio, vento, nuvens de areia, gasolina só no Chile, cruzes pequenas perante a natureza, enfim.... Parabéns pela viagem e pelo blog. Abraços

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  4. Quero te parabenizar pela viagem, e em especial pela qualidade de sua fotos.....
    muito lindas (e olha que sou fotografo).

    acontece que comecei olhar seu blog pelas fotos e não consigo parar....
    parabéns.
    eliu lima
    www.skoladosdoasfalto.com

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  5. oiiii
    q aventura né?
    o mais aventureiro q já conheci.....!!
    Fiquei mt curiosa qd seu pai falou para minha família sobre esta viagem....fiquei com curiosidade e vim dar uma espiada,continue escrevendo e fazendo essas viagens maravilhosas no mundo das pessoas e de vc mesmo...."FIQUE COM DEUS POIS VC VAI PRECISAR MT DELE NESSAS AVENTURAS".
    um abraço de silvana junckes
    Angelina SANTA CATARINA.

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  6. Lindo lugar para se conhecer logo eu irei ver isto de perto para bens pelas lindas fotos.

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