35 Dias na Amazônia - Descobrindo o Nosso Brasil

VIAGEM À AMAZÔNIA – INTRODUÇÃO


Se tem uma coisa que chama atenção dos viajantes que eventualmente percorrem o Brasil de ponta a ponta, é a diversidade geográfica e cultural encontrada ao longo deste nosso país de dimensões continentais. São como diversos “Brasis”, que mereceriam, cada qual, ser visitados e descobertos individualmente em todas as suas peculiaridades. Para este brasileiro sulista que vos escreve, a Amazônia figurava até pouco tempo atrás como território desconhecido, limitado ao imaginário, enquanto a vontade de colocar os pés por lá só fazia aumentar.


É no mínimo curioso perceber como a Amazônia, sonho de consumo da maioria dos gringos mundo afora, permanece excluída da lista de desejos dos meus compatriotas. O fato é que nós, brasileiros, à medida que vamos adquirindo oportunidades de viajar para cada vez mais longe, sentimos um ímpeto de atravessar oceanos em viagens intercontinentais para Europa, Estados Unidos ou mesmo Ásia, mas estranhamente acabamos não percebendo ou não nos interessando pela riqueza que temos aqui dentro. 

Catedral de Belém do Pará.

O Teatro da Paz, em Belém, construído na época áurea da borracha.

O discurso em primeira pessoa no parágrafo anterior é proposital, pois com exceção da parte que menciona “falta de interesse”, até pouco tempo atrás eu me incluía nesse time de brasileiros que, apesar de já ter alçado alguns voos mais longos, ainda não havia posto os pés em boa parte dos principais ícones turísticos do Brasil, categoria na qual a Amazônia merece especial destaque. E o desejo de conhecer a Região Norte do Brasil, despertado já há bastante tempo, foi se tornando cada vez mais forte, até que em maio de 2012, acabei tendo a chance de dar um fim a esta inquietação. 

Um roteiro de 35 dias compensou as longas distâncias da Amazônia. 

Foi uma viagem cheia de descobertas, mas a troco de alguns perrengues e sem grandes preocupações com descanso ou conforto, até porque a prioridade não era essa. Apesar disso, voltei para casa leve e descansado, sentindo ter encontrado exatamente o que eu procurava: uma imersão no modo de vida e nos costumes desse “quase outro Brasil”. Aprender a dormir em uma rede no barco que por 3 dias subia o Rio Amazonas ou acompanhar um pescador durante sua labuta na Ilha de Algodoal foram experiências que dificilmente me seriam oferecidas no roteiro de alguma agência de viagem. Se do ponto de vista financeiro algumas dessas experiências até foram gratuitas, por outro lado considero-as impagáveis. 


Carona com pescador para conseguir transpor um canal subitamente inundado pela maré.

Dormindo na casa de um ribeirinho do Rio Tapajós na comunidade Maguari, perto de Santarém.

Desde os principais centros urbanos como Belém, Santarém e Manaus, até alguns recantos mais isolados como as comunidades ribeirinhas do Rio Tapajós ou as praias fluviais da Ilha do Marajó, foram 35 dias muito bem ocupados com uma vivência bem autêntica na região da Amazônia brasileira.

Búfalos: você está em Marajó!

Casinha ilhada pelo Rio Amazonas, devido a grande cheia que assolava a região naquele início de 2012.

Eu disse Amazônia brasileira? Pois iremos um pouco além. Como eu já estava embrenhado lá na ponta norte do Brasil, resolvi que não custaria tanto assim esticar um pouco mais o roteiro até a Venezuela, para uma pequena expedição (avião monomotor + canoa rio acima + caminhada) ao Salto Angel, a cachoeira mais alta do mundo e ao Monte Roraima, em um trekking de seis dias pela Gran Savana venezuelana, na região da tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. 

O Salto Angel, quase 1 quilômetro de queda d´água!

Acampamento base do Monte Roraima.
A partir deste ponto, já passados mais de trinta dias desde a partida, a viagem chegava ao fim e eu embarcava no Aeroporto de Boa Vista com destino a Porto Alegre, para literalmente cruzar o Brasil de ponta a ponta, voando para casa. Alguns músculos doíam, a pele estava tostada pelo sol e as pernas continuavam inchadas por picadas de mosquitos de espécie desconhecida, mas o sentimento de realização pessoal falava mais alto.  Afinal, eu acabara de deixar muitas pegadas em um Brasil que até então não conhecia.

Fica então o convite: a partir desta semana o Viaje na Imagem passa a publicar um pouco desse Brasil que tanto me surpreendeu. Acompanhe ao longo das próximas semanas, as oito partes do relato fotográfico desta aventura na Região Norte do nosso país:



Comentários

  1. Respostas
    1. Nilson, eu também! Aliás, pra você que é do ramo, essa viagem foi a estréia da minha lente grande angular, uma sigma 8-16mm, que se tornou, desde então, companheira inseparável!

      Excluir
    2. Rob, essa lente não conheço, a primeira foto foi com ela? aliás, que foto linda, composição maravilhosa, julgo até ter ovido o rumorzinho das águas olhando para ela. As lentes Sigma são espectaculares, tenho uma tele 70-200mm 2.8f fidelíssima nos detalhes e cores. Grande abraço e fica com Deus, continuo na escuta, abs, Nilson Soares

      Excluir
    3. Isso, foi com ela mesma!

      Excluir
    4. Rob, eu não conhecia esta lente, andei pesquisando-a e vi que é realmente tentadora, inclusive meio que balancou minha tual pretensão quanto a lentes. Estava querendo comprar agora em outubro uma nikkor frame 20mm 2.8f uma lente maravilhosa, e a grande vantagem dessas lentes frames, manuais, das antigas é que quando vc for fazer o up para um equipa sem sensor cropado,fullframe, elas podem perfeitamente serem usadas. Acho que só por isso eu não vou mudar minha escolha por esta sigma. Mas, realmente me pareceu esplêndida, distorce muito pouco. abs, Nilson

      Excluir
    5. É mesmo! Essas grande angulares requerem uma técnica bem particular para conseguir bons resultados, mas você logo pega o jeito e aí é diversão pura. A Sigma tem uma equivalente dessa lente para as full frame, é a 12-24.

      Excluir
  2. Sensacional. Engrosso a lista das pessoas dos que, apesar de querer, ainda não conheço a Amazônia. Vou acompanhar, pela prévia foi uma viagem muito legal, e as imagens estão lindas. Abs.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Fabio. E volte sempre, se tem interesse pela região, acho que você vai realmente gostar do que esta por vir! Abraço!

      Excluir
  3. Suas fotos sao lindas, parabens!,

    ResponderExcluir

Postar um comentário